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sábado, 16 de novembro de 2013

Hortas em quintais

por PGAPereira. Havia as casas, as donas de casa e os quintais. Hoje, as donas de casa estão nos quintais. Plantando, colhendo, vendendo. A produção ainda é pequena, mas o objetivo é grande. A ideia é que as participantes do projeto Quintais Produtivos virem fornecedoras dos empreendimentos que estão sendo instalados na Reserva do Paiva. O projeto começou em maio deste ano e, atualmente, conta com 16 moradoras de Itapuama, Xaréu, Enseada dos Corais e Gaibu, comunidades vizinhas ao Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Cada quintal agrega pelo menos três mulheres, que recebem kits com sementes, telas, ferramentas. Em breve, também terão aulas de empreendedorismo. Uma parceria está sendo fechada com o Sebrae. Jaqueline Costa, 42, dá boas-vindas e apresenta a sua horta. A maior parte está plantada em uma estufa. Tem tomate, coentro, capim-santo, pimentas, alface, beterraba. Ela até deu um jeitinho de plantar cana-de-açúcar. Já conseguiu reduzir em R$ 200 os gastos mensais da casa com alimentação. O que sobra é vendida aos vizinhos e em feiras. “Esse projeto é muito importante para mim. Sou muito feliz com isso”, diz Jaqueline, que era professora e abdicou da sala de aula para cuidar dos três filhos quando eles eram pequenos. Hoje, tem a ajuda da mais nova, Jamilly, 14, futura estudante de jornalismo que criou uma página para o projeto no Facebook (www.facebook.com/projetoquintaisprodutivos). “Essas mulheres podem empreender dentro de suas casas. Cultivam para o seu consumo e para fora. Muitas já estão tirando da horta receitas para conservas, bolos, pães, sucos”, conta Mariana Melo geógrafa, gestora ambiental e coordenadora do projeto idealizada pelo Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH) e viabilizado pela Odebrecht Realizações Imobiliárias. Durante um mês, Mariana e um agrônomo mapearam a região. Depois começaram a convidar mulheres que já tinham afinidade com a terra. Djane Maria da Silva, 43, foi uma delas. “Meu pai planta. Esse amor pela terra veio dele. O projeto me ajudou a amar mais a natureza. A gente parou para pensar mais na questão de produtos ecologicamente corretos, trabalha sem agrotóxico. Também é uma forma de melhorar a autoestima.”  Célia Regina de Araújo, 52 anos, Neuza Maria Xavier, 61  anos, e Aparecida Ferreira Neves, 52 anos, também participam do projeto. Célia cultiva manjericão, coentro, cebolinha, alface, rúcula. Diz que a primeira coisa que faz ao acordar é ir até o quintal para conferir quantas folhas nasceram e quantas caíram. Neuza contou com a ajuda de um vizinho, que emprestou um terreno. E tem como braço direito o marido, José Barbosa, bancário aposentado que já tinha experiência no trato com a terra. Na casa da ex-enfermeira Aparecida não tem quintal. Mas isso é só um detalhe. Morando a cinco anos no Cabo, depois que veio de Uberlândia (MG) com o marido e os filhos, ela virou uma agricultora itinerante. “Quando precisa comprar esterco ou terra, eu também ajudo.” Aparecida usa os produtos para fazer geleias, com o apoio da caçula, Júlia, 14 anos. Tudo natural, sem conservantes. Em agosto, as integrantes do projeto Quintais Produtivos participaram da Agrinordeste, no Centro de Convenções. Mariana Melo conta que uma empresária que vai abrir um empório funcional conheceu o trabalho delas e garantiu que fará encomendas. “A meta do projeto são oito quintais financiados, totalizando 24 mulheres participando.” Luis Henrique Valverde, diretor regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias, acredita que o caminho natural do grupo é fornecer para os empreendimentos do Paiva. Ele lembra que o futuro hotel Sheraton e os empresariais terão restaurantes. “Economicamente é mais vantajoso comprar na comunidade próxima. Além disso, eles farão parte de um projeto social.” Segundo Valverde, a Associação Geral da Reserva do Paiva deve fazer a intermediação entre as donas dos quintais agora produtivos e os futuros clientes.       

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