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PGAPereira. Havia as casas, as donas de casa e os quintais. Hoje, as donas de
casa estão nos quintais. Plantando, colhendo, vendendo. A produção ainda é
pequena, mas o objetivo é grande. A ideia é que as participantes do projeto Quintais Produtivos virem
fornecedoras dos empreendimentos que estão sendo instalados na Reserva do
Paiva. O projeto começou em maio deste ano e, atualmente, conta com 16
moradoras de Itapuama, Xaréu, Enseada dos Corais e Gaibu, comunidades vizinhas
ao Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Cada quintal agrega pelo
menos três mulheres, que recebem kits com sementes, telas, ferramentas. Em
breve, também terão aulas de empreendedorismo. Uma parceria está sendo fechada
com o Sebrae. Jaqueline Costa, 42, dá boas-vindas e apresenta a sua horta. A
maior parte está plantada em uma estufa. Tem tomate, coentro, capim-santo,
pimentas, alface, beterraba. Ela até deu um jeitinho de plantar cana-de-açúcar.
Já conseguiu reduzir em R$ 200 os gastos mensais da casa com alimentação. O que
sobra é vendida aos vizinhos e em feiras. “Esse projeto é muito importante para
mim. Sou muito feliz com isso”, diz Jaqueline, que era professora e abdicou da
sala de aula para cuidar dos três filhos quando eles eram pequenos. Hoje, tem a
ajuda da mais nova, Jamilly, 14, futura estudante de jornalismo que criou uma
página para o projeto no Facebook (www.facebook.com/projetoquintaisprodutivos).
“Essas mulheres podem empreender dentro de suas casas. Cultivam para o seu consumo
e para fora. Muitas já estão tirando da horta receitas para conservas, bolos,
pães, sucos”, conta Mariana Melo geógrafa, gestora ambiental e coordenadora do
projeto idealizada pelo Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano
(IADH) e viabilizado pela Odebrecht Realizações Imobiliárias. Durante um mês,
Mariana e um agrônomo mapearam a região. Depois começaram a convidar mulheres
que já tinham afinidade com a terra. Djane Maria da Silva, 43, foi uma delas.
“Meu pai planta. Esse amor pela terra veio dele. O projeto me ajudou a amar
mais a natureza. A gente parou para pensar mais na questão de produtos
ecologicamente corretos, trabalha sem agrotóxico. Também é uma forma de
melhorar a autoestima.” Célia Regina de
Araújo, 52 anos, Neuza Maria Xavier, 61 anos,
e Aparecida Ferreira Neves, 52 anos, também participam do projeto. Célia
cultiva manjericão, coentro, cebolinha, alface, rúcula. Diz que a primeira
coisa que faz ao acordar é ir até o quintal para conferir quantas folhas nasceram
e quantas caíram. Neuza contou com a ajuda de um vizinho, que emprestou um
terreno. E tem como braço direito o marido, José Barbosa, bancário aposentado
que já tinha experiência no trato com a terra. Na casa da ex-enfermeira
Aparecida não tem quintal. Mas isso é só um detalhe. Morando a cinco anos no
Cabo, depois que veio de Uberlândia (MG) com o marido e os filhos, ela virou
uma agricultora itinerante. “Quando precisa comprar esterco ou terra, eu também
ajudo.” Aparecida usa os produtos para fazer geleias, com o apoio da caçula, Júlia,
14 anos. Tudo natural, sem conservantes. Em agosto, as integrantes do projeto Quintais Produtivos participaram da
Agrinordeste, no Centro de Convenções. Mariana Melo conta que uma empresária
que vai abrir um empório funcional conheceu o trabalho delas e garantiu que
fará encomendas. “A meta do projeto são oito quintais financiados, totalizando
24 mulheres participando.” Luis Henrique Valverde, diretor regional da
Odebrecht Realizações Imobiliárias, acredita que o caminho natural do grupo é
fornecer para os empreendimentos do Paiva. Ele lembra que o futuro hotel
Sheraton e os empresariais terão restaurantes. “Economicamente é mais vantajoso
comprar na comunidade próxima. Além disso, eles farão parte de um projeto
social.” Segundo Valverde, a Associação Geral da Reserva do Paiva deve fazer a
intermediação entre as donas dos quintais agora produtivos e os futuros
clientes.
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